Surf durante a gestação | Com vídeo

Amante do mar, a oceanógrafa Renata Porcaro encarou o desafio de continuar surfando durante a gravidez e conta a sua experiência, junto com o seu marido Bruno, até o parto de Bejamim.

A oceanógrafa Re encarou o desafio de continuar surfando na gravidez.
Fonte e fotos: Renata Porcaro

Minha vida sempre foi guiada pelo oceano. Sou oceanógrafa e pego onda de longboard. Desde a infância quis morar perto do mar, e em 2015 vim morar em Ubatuba. A felicidade foi tamanha que com ela veio um presente do amor. Descobri que estava grávida e a mistura de emoções envolveu alegria e incertezas: será que eu conseguiria continuar a surfar?

A gestação e a maternidade envolvem muitas questões. Em um mundo moderno, no qual é cada vez mais difícil ser natural e no qual o direito da mulher de parir lhe é negado, enfrentei uma jornada para conseguir ter meus direitos  garantidos e proporcionar um nascimento digno ao meu filho. Nessa jornada tive o prazer de conhecer pessoas incríveis que me ajudaram com muito conhecimento e na tomada das decisões.

Renata procurou orientações de profissionais para continuar surfando.
O tempo foi passando, e a primeira etapa dessa jornada seria encontrar um obstetra. Tive duas tentativas frustradas com médicos do convênio: a primeira me disse que eu deveria parar imediatamente minhas atividades (surf e bike), e eu estava apenas no terceiro mês.

A segunda médica parecia uma pessoa muito legal, mas toda vez que eu perguntava sobre o parto ela mudava de assunto. Até o dia que cheguei atrasada na cosulta e ouvi a secretária agendando as cesáreas em uma manhã. Nesse dia nem entrei no consultório. Eu tinha pavor em pensar que meu filho poderia ser retirado apenas por conveniência médica e ter seu tempo de nascimento desrespeitado.

Continuei a busca e resolvi inverter o caminho. Fui atrás de uma doula, que nada mais é que uma assistente de parto, que orienta e conforta a mulher antes e durante o trabalho de parto. Em uma primeira conversa com Andrea já fiquei encantada e ela me ajudou na escolha da médica, Dra Fabiana, e da obstetriz Bianca. A equipe estava formada e fiquei muito confiante que tudo correria da melhor forma.

Com a aprovação da médica, Renata continuou surfando mesmo grávida.
Com a aprovação da médica, continuei surfando e com o passar dos meses meu centro de gravidade foi se alterando, o que chegou a ser engraçado. Selecionava o mar que iria cair, pois não podia oferecer riscos de machucar ou bater a barriga, e a cada dia eu passava mais tempo no mar e pegava menos ondas. A remada também foi uma dificuldade. Comecei a remar de joelhos e deitava na prancha apenas no momento de entrar na onda. Até que um dia não consegui mais e surfei só com a nadadeira e um handplane. Foi muito divertido e supria um pouco a necessidade de estar no mar e sentir a energia das ondas.

Para o projeto, Renata teve apoio do papai Bruno.
Então finalmente chegou a hora de surfar a melhor onda da vida. O momento do sagrado feminino mostrar sua força e mudar minha vida de forma linda e definitiva. Conheci o verdadeiro significado do meu nome e renasci de uma forma que nunca imaginei que poderia acontecer.

Benjamim nasceu no dia 29 de junho de 2016, e em exatamente um mês, eu estava de volta às ondas. A readaptação não é fácil, principalmente com relação ao tempo, pois bebês precisam de muita atenção e dedicação. Meus treinos agora são mais curtos e o tempo na água é cronometrado. Mas está sendo uma experiência maravilhosa e que só agrega coisas boas na vida. Agora eu e Bruno temos o melhor companheiro de praia e nos revezamos na função que é cuidar de um serzinho tão incrível e naturalmente sábio.


Agradecimentos:
Benjamim Porcaro Vasconcellos
Dr. Ivan Maroso Alves
Andrea Steiof (Doula)
Dra. Fabiana Oliveira Garcia (Obstetra)
Bianca Rocha (obstetriz)

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