Os brasileiros comandaram o show em mais uma
etapa do World Surf League Championship Tour.
Italo Ferreira e Gabriel Medina. |
Colaboração de texto: João Carvalho/ Felipe Marcondes/©WSL
Colaboração de foto: Getty Images/Dunbar/Miers/©WSL
Os campeões mundiais Italo Ferreira e Gabriel
Medina chegaram em outra final, como a que decidiu o título de 2019 em Pipeline
no Havaí, agora valendo a liderança no ranking de 2021. Eles deram um
espetáculo de novo e o resultado se repetiu, com Italo vencendo o Rip Curl
Newcastle Cup apresentado pela Corona neste sábado, na Austrália.
Quem também recuperou o posto de número 1 do
mundo foi a havaiana Carissa Moore, que tirou as maiores notas nas boas ondas
de 4-5 pés do último dia do Merewether Beach, como o 9,50 na final com a
australiana Isabella Nichols. Carissa e Italo voltarão a vestir a lycra amarela
do Jeep Leaderboard na próxima etapa da “perna australiana”, o Rip Curl
Narrabeen Classic apresentado pela Corona, que começa na sexta em Sidney.
“Nossa, que evento! Foi incrível competir
contra tantas pessoas talentosas, que sempre me dão mais incentivo, então só
quero agradecer a todos e, especialmente, a minha família e amigos”, disse
Italo Ferreira, que comentou sobre os confrontos com Medina e em voltar ao topo
do ranking. “Cara, ele é uma máquina (risos). Ele me faz ser cada vez melhor.
Temos mais três eventos aqui na Austrália, então vai ser uma batalha boa. E
sim, eu gosto de amarelo (da lycra do Jeep Leaderboard), mas não sei se faz
muita diferença no momento”.
Com a vitória em Newcastle, Italo aumentou para
10 a 7 sua vantagem superando Medina em baterias disputadas em etapas do CT.
Essa foi a terceira final que eles se enfrentaram. As outras duas foram na
última temporada, com Medina ganhando a primeira em Jeffreys Bay na África do
Sul, mas Italo venceu a que decidiu o título mundial de 2019 em Pipeline, no
Havaí. Gabriel vingou essa derrota nas semifinais do Pipe Masters que abriu a
temporada 2021 em dezembro, só que perdeu agora mais uma batalha pela ponta do
ranking.
“É uma sensação incrível, porque na real é a
minha terceira final seguida, então só em estar neste ritmo já é bom demais.
Ainda mais com essa turma aqui, especialmente o Italo que está surfando muito”,
elogiou Gabriel Medina. “Está sendo bem divertido encontrar com ele em finais
em quase todo evento (risos). Eu me diverti muito aqui em Newcastle e estou
feliz com a segunda colocação. Esse lugar é incrível, foi minha primeira vez
aqui e adorei, então muito obrigado a todos por nos receber tão bem”.
A grande final do Rip Curl Newcastle Cup
começou nas direitas de Merewether Beach, com Italo pegando a primeira onda
boa, abrindo a parede para mandar uma série de cinco manobras no outside e mais
uma no inside para largar na frente com 6,33. Medina logo dá o troco abrindo
grandes leques de água com três batidas e rasgadas muito fortes, que arrancaram
8,60 dos juízes. O show continua com Italo já pegando outra direita fazendo uma
manobra seguida da outra e finalizando com um aéreo para ganhar 7,17.
Depois, a batalha mudou para as esquerdas.
Medina pegou uma e faz duas manobras antes dela fechar. Já Italo acelera para
voar de frontside e completar a rotação no ar, mas era uma onda pequena. Logo
pega uma direita e também manda um aéreo full rotation de backside mais alto,
ganhando sua maior nota, 7,77. Tudo isso aconteceu nos 15 primeiros minutos dos
35 da bateria. Gabriel fica precisando de 6,34 pontos e pega três esquerdas
seguidas para voar, só que nenhuma forma rampas para decolar.
Aí o mar deu uma acalmada, ficou bem
inconsistente, parou de entrar boas ondas e o tempo foi passando sem Gabriel
Medina ter mais chances para reagir. Ele ainda fez duas tentativas, numa
direita e numa esquerda, mas as ondas eram fracas e Italo Ferreira festejou sua
sétima vitória em etapas do CT por 14,94 a 13,27 pontos, com o ranking da World
Surf League voltando a ficar como terminou em 2019, com Italo em primeiro e
Medina em segundo.
Recorde
nas semifinais –
O grande momento do bicampeão mundial no sábado foi na semifinal contra a
grande surpresa dessa etapa, o local de Newcastle e estreante na elite do CT,
Morgan Cibilic. O australiano barrou o ex-número 1 do ranking, John John
Florence, fazendo grandes apresentações durante todo o evento. Cibilic largou
na frente com nota 7,00 e Medina então precisava fazer algo diferente. E fez.
Ele pegou uma esquerda boa e decolou num voo muito alto com muita extensão,
fazendo a rotação completa e aterrissando com segurança no melhor aéreo do
campeonato. Um dos cinco juízes deu nota 10 para ele, mas a média ficou em
9,70, ainda assim a maior da temporada 2021 entre os homens.
“Aquela onda foi incrível. Armou a maior rampa
e não tive dúvidas, me joguei mesmo”, contou Gabriel Medina. “Eu estava
confiante e minha prancha é muito boa, então senti que era o momento certo. O
Morgan (Cibillic) estava surfando muito bem no evento todo, então eu tinha
mesmo que arriscar. Mas, o que eu gostei mais foi o claim de basquete que fiz
depois de completar o aéreo (risos). Acertei de três (risos)”.
A outra semifinal foi brasileira e Italo
Ferreira também deu o seu show para o público e para os fãs do mundo inteiro
que assistiam a transmissão ao vivo. Filipe Toledo começou bem, mas Italo
respondeu mandando um pancadão de backside numa direita maior, emendando mais
três manobras no outside e seguiu atacando até a beira para entrar na briga com
7,60. Logo ele pega uma esquerda para voar num aéreo full rotation e assumir a
ponta com 5,60.
Filipe também escolhe uma esquerda para usar
seu backside, mas não troca sua nota mais baixa e segue precisando de 6,71
pontos para vencer nos 10 minutos finais. Os dois já tinham se enfrentado oito
vezes em baterias do CT e o confronto estava empatado em 4 a 4. O potiguar pega
uma esquerda e acelera para ganhar velocidade e voar alto em outro aéreo
incrível, jogando a rabeta para aumentar a amplitude na rotação completa da
manobra que valeu nota 8,50. Com ela, confirmou sua quinta vitória sobre Filipe
por 16,10 pontos.
Duelos
brasileiros –
Italo Ferreira só competiu contra brasileiros no último dia do Rip Curl
Newcastle Cup. Nas quartas de final, enfrentou Deivid Silva, que liderou quase
todo o confronto. Até Italo tirar da cartola mais um aéreo sensacional e virar
o placar para 12,67 a 12,40 pontos. Um duelo verde-amarelo também abriu o
sábado de boas ondas de 4-5 pés em Merewether Beach, entre os campeões mundiais
Gabriel Medina e Adriano de Souza, que tinha uma vantagem de 8 a 4 neste confronto
em baterias do CT.
As condições do mar não estavam tão boas no
início do dia e a nota 6,27 da primeira onda do Gabriel acabou fazendo a
diferença na vitória apertada por 10,27 a 10,07 pontos. Mineirinho está
encerrando sua carreira nesta 15.a temporada que ele integra o seleto grupo dos
melhores surfistas do mundo. Adriano terminou em quinto lugar no Rip Curl
Newcastle Cup junto com Deivid Silva, o australiano Ryan Callinan e o
californiano Conner Coffin, barrado por Filipe Toledo na disputa pela última
vaga para as semifinais.
Categoria
feminina –
Na categoria feminina, quem brilhou foi a tetracampeã mundial Carissa Moore. A
havaiana já havia se destacado na sexta-feira, quando completou um aéreo
full-rotation incrível com aterrisagem perfeita. Três dos cinco juízes deram
nota 10 para ela, com a média ficando em 9,90, a maior de toda a etapa de
Newcastle. Com ela, também fez a maior pontuação do campeonato nessa bateria,
17,33 pontos de 20 possíveis.
No sábado, Carissa continuou batendo recordes,
aumentando o maior placar do Rip Curl Newcastle Cup para 17,74 pontos, somando
notas 9,37 e 8,37 e jogando fora um 8,33 no duelo entre a campeã e a
vice-campeã mundial de 2019, Caroline Marks. Na outra semifinal, uma novata na
elite, Isabella Nichols, ganhou o confronto australiano com Keely Andrew para
fazer sua primeira final em etapas do World Surf League Championship Tour.
Mas, Carissa Moore estava imbatível nas ondas
de Merewether Beach e massacrou uma boa direita com manobras potentes
executadas com pressão e velocidade que valeram nota 9,50. Na seguinte, somou
um 6,23 para colecionar mais uma vitória por uma larga vantagem de 15,73 a 8,34
pontos. Com o título, a atual campeã mundial voltou ao topo do ranking e vai
competir com a lycra amarela no Rip Curl Narrabeen Classic apresentado pela
Corona, que começa na próxima sexta-feira nas ondas de Narrabeen Beach, em
Sidney.
“Eu comecei a competição só pensando no
presente e em cada bateria, então finalizar o campeonato em primeiro, é muito
especial”, disse Carissa Moore. “Eu não estaria aqui sem o apoio da minha
equipe, minha família, do meu marido que passou a quarentena comigo, além do
meu técnico Mitch Ross. Esse ano vai ser uma corrida muito legal para o título
e parabéns para a Isabella. Ela é uma ótima surfista e conseguiu um resultado
fantástico na primeira temporada dela”.
Perna
australiana –
As quatro etapas da nova “perna australiana” são apresentadas pela Corona. O
Rip Curl Newcastle Cup terminou nesse sábado e a segunda é o Rip Curl Narrabeen
Classic, que começa na próxima sexta-feira com prazo até 26 de abril para ser
encerrado em Narrabeen Beach, em Sydney, também em New South Wales. As outras
serão na região de West Australia, o Boost Mobile Margaret River Pro de 02 a 12
de maio em Margaret River e o Rip Curl Rottnest Search de 16 a 26 de maio em
Rottnest Island.
Italo Ferreira voando para o topo do ranking. |
Gabriel Medina. |
Italo Ferreira deu show de surf para o público. |
Gabriel Medina alcançando a maior nota do ano. |
Filipe Toledo subiu para sétimo no ranking. |
Isabella Nichols e a campeã Carissa Moore. |
Carissa Moore rasga no lip. |
Campeão: Italo Ferreira (BRA) por 14,94 pontos (7,77+7,17) – 10.000 pontos
Vice-campeão: Gabriel Medina (BRA) com 13,27 (8,60+4,67) – 7.800 pontos
1ª) Gabriel Medina (BRA) 15.77 x 14.07 Morgan Cibilic (AUS)
2ª) Italo Ferreira (BRA) 16.10 x 11.57 Filipe Toledo (BRA)
1ª) Gabriel Medina (BRA) 10.27 x 10.07 Adriano de Souza (BRA)
2ª) Morgan Cibilic (AUS) 10.37 x 10.37 Ryan Callinan (AUS)
3ª) Italo Ferreira (BRA) 12.67 x 12.40 Deivid Silva (BRA)
4ª) Filipe Toledo (BRA) 13.83 x 13.04 Conner Coffin (EUA)
Campeã: Carissa Moore (HAV) por 15,73 pontos (9,50+6,23) – 10.000 pontos
Vice-campeã: Isabella Nichols (AUS) com 6,34 (3,67+2,67) – 7.800 pontos
1ª) Isabela Nichols (AUS) 13.20 x 12.13 Keely Andrew (AUS)
2ª) Carissa Moore (HAV) 17.74 x 10.17 Caroline Marks (EUA)
1º) Italo Ferreira (BRA) – 16.085 pontos
2º) Gabriel Medina (BRA) – 15.600
3º) John John Florence (HAV) – 11.330
4º) Jordy Smith (AFR) – 8.065
4º) Kanoa Igarashi (JPN) – 8.065
4º) Ryan Callinan (AUS) – 8.065
7º) Filipe Toledo (BRA) – 7.415
7º) Morgan Cibilic (AUS) – 7.415
9º) Kelly Slater (EUA) – 6.350
10º) Jeremy Flores (FRA) – 6.075
10º) Deivid Silva (BRA) – 6.075
10º) Leonardo Fioravanti (ITA) – 6.075
-----------------outros brasileiros:
13º) Adriano de Souza (BRA) – 5.010
15º) Caio Ibelli (BRA) – 4.650
15º) Peterson Crisanto (BRA) – 4.650
15º) Yago Dora (BRA) – 4.650
15º) Miguel Pupo (BRA) – 4.650
25º) Jadson André (BRA) – 3.585
32º) Alex Ribeiro (BRA) – 1.595
1ª) Carissa Moore (HAV) – 17.800 pontos
2ª) Tyler Wright (AUS) – 12.610
3ª) Isabella Nichols (AUS) – 10.410
4ª) Stephanie Gilmore (AUS) – 9.490
5ª) Caroline Marks (EUA) – 8.695
5ª) Sally Fitzgibbons (AUS) – 8.695
5ª) Tatiana Weston)Webb (BRA) – 8.695
8ª) Lakey Peterson (EUA) – 7.355
8ª) Courtney Conlogue (EUA) – 7.355
8ª) Johanne Defay (FRA) – 7.355
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