Circular nº 001/2018, entenda a crise do Surf baiano

A circular nº 001/2018 não está no site da FBSurf e nem na sua página da rede social Facebook, porque estas não são atualizados desde o inicio 2017. Mesmos assim, a 01/18 causou um verdadeiro Tsunami no Surf baiano.

O site da FBSurf não é atualizado desde 30 de janeiro de 2017.
Por: Miguel Brusell

A pior frase que um surfista pode ouvir quando chega à superfície depois de um caldo é: série ao fundo. Principalmente quando ele levanta a cabeça e não vê o horizonte, mas uma massa de água "esfumaçando" e ameaçando esmagá-lo na bancada. Neste momento só vem uma coisa na cabeça: preciso remar feito um desesperado para não tomar aquela série toda na cabeça.

Assim, o presidente da Federação Baiana de Surf está se sentindo com uma série de denuncias que inundaram as redes sociais, após a divulgação da circular nº 001/2018, no dia 10 de Janeiro. Na circular, o presidente afirma que "todos os eventos de surf na Bahia deverão passar pelo crivo de chancela e avaliação da entidade máxima do Surf no Estado".

O programa de rádio "Tá Dando Onda" anuncia circuito.
Até aí nenhuma novidade, mas a curiosa circular foi publicada quando um grupo de surfistas, insatisfeitos com a entidade máxima do surf baiano, decidiu e anunciar que iria promover um circuito de surf independente, "Tá Dando Onda", nome pinçado de um famoso filme da Sony Pictures, que já vinha sendo utilizado em um programa de rádio.

Autodenominado de Grupo 18, os insatisfeitos divulgaram o calendário com etapas na Praia de Jaguaribe, em Salvador; da Tiririca, em Itacaré; de Mogiquiçaba, em Belmonte e a última na de Ipitanga, em Lauro de Freitas com apoio do Governo do Estado. A partir da divulgação da circular, o presidente da FBSurf levantou a cabeça e viu a série de denuncias vindo em sua direção.

Uma das primeiras a se manifestar foi a senhora Regina do Couto, uma das organizadoras do Grupo 18. "(na FBSurf) Não há assembleia, não há diretoria, a rigor, não há entidade. A chapa vencedora da última eleição estava ilegal. As ações são ilegais, as ordens administrativas são ilegais, porque não têm instância de aprovação. Não há entes federados em número suficiente para permitir o processo democrático", acusa.

Ainda no início da série, mas já sem fôlego, o presidente da FBSurf contou com ajuda da mais forte das suas aliadas, a Associação de Surf de Itacaré (ASI) para fazer a sua defesa com uma "Nota de Repúdio" à Regina do Couto que foi considerada Persona Non Grata, no município do Sul do Estado, deixando claro, em seguida, que o Grupo 18 não iria fazer a etapa de Itacaré, sem aprovação da entidade de surf municipal.

A ASI fez uma "Nota de Repúdio" à Regina do Couto.
A série, de denuncias, estava só começando. Para o ex-presidente da Associação Baiana de Surf, entidade antessessora da FBSurf, Sérgio Passarinho, a situação que o surf passa é de responsabilidade dos atletas. "A culpa disso tudo e das associações que não reagem. Cansado de ver Fabiano Prado, sozinho, com apoio de poucos para tentar barrar isso tudo", comentou, se oferecendo como ponte para levar o probema para o presidente da Assembléia Legislativa da Bahia, a secretária Olívia Santana e o governador Rui Costa.

Outro que comentou a situação foi o ex-presidente da Associação de Surf de Vilas do Atlântico, Jesuíno Ferreira, o Babu. "A FBSurf se mostra carente de uma gestão administrativa e, consequentemente, de planejamento, organização, controle e direção. Os surfistas estão desamparados. Não existe suporte para alavancar o nível técnico, seja por falta de treinamento específico para os atletas da equipe baiana ou mesmo incentivo institucional para disputar competições nacionais. É necessário a convocação, em caráter excepcional, de uma Assembléia Geral Extraordinária como forma de deliberar assuntos de interesses coletivos", acredita o ex-dirigente.

O ex-presidente da ABS, Fabiano Prado continuou a série de denuncias.
Outro ex-presidente da ABS, Fabiano Prado continuou a série de denuncias culminando com a rainha da série. "A FBSurf é hoje uma laranja com logomarca. O dirigente não entra na federação para estruturar o esporte, entra para ter um CNPJ com acesso oficial ao recurso público. Porque tanta intervenção da CBS no Surf baiano? Por que só laranja da laranjeira da CBS pode trabalhar com o surf na Bahia? O surf baiano está vivendo a ditadura da laranja. O presidente da FBSurf tem todos os poderes. A Assembleia Geral não existe. Como uma federação que não tem diretoria e Assembleia Geral pode deliberar?" são as principais acusações do ex-presidente da entidade.

Segundo o ex-dirigente, a FBSurf não atende aos vedadeiros interesses dos atletas. "A FBSurf atende a interesses de particulares, com a realização do Itacaré Surf Sound Festival que é de interesse privado, das empresas, WSL, MVU e South to South e não deveria receber recurso público". Para o ex-dirigente, antes de realizar um mundial, o recurso estadual deveria ser priorizado para as competições estaduais, para formação de atletas.

O presidente da ASI, Val Salvamar reclama do modus operandis da FBSurf.
A mesma opinião tem o presidente da Associação de Surf de Itapuã, Val Salvamar. "O surf da Bahia esta vivendo um momento inusitado. A Federação Baiana de Surf insiste em seu modus operandis ultrapassado, imperialista, que exclui a maioria dos surfistas de nosso estado. A SUDESB, ou outra instituição ou autarquia pública, deveria atentar para essa situação. De um lado cidadãos surfistas, que contribuem para o desenvolvimento do esporte e não podem usufruir de verbas destinadas para tanto. E do outro, o que estamos vendo e acompanhando, segregação racial e de verbas públicas destinadas, principalmente, para o publico de menor potencial financeiro. Lamentável e insustentável. Até quando?", pergunta o representante de Itapuã.

A cúpula do Surf estadual decidiu antecipar a eleição para presidente da FBSurf.
A série de denuncias, parece que minou todas as forças do presidente Carlos Abdalla que, sem fôlego, virou o bico da prancha para beira e, mais uma vez foi socorrido pela Associação de Surf de Itacaré. Em reunião realizada à pedido da ASI, em Salvador, no dia 23 de Janeiro, com a presença dos presidentes Carlos Abdalla, da Federação Baiana de Surf; Adalvo Argolo, da Confederação Brasileira de Surf; Marcelo Barros, que pediu a reunião; José Reis, da Associação Camaçariense de Surf; Bruno Galini, da Associação Ilheense de Surf, Lalo Giudici, da Tablas; Marcos Pelegrino e Guiga Reis da FBSurf, ficou decidido pela antecipação da eleição para presidente da entidade maior do surf baiano.

Segundo carta publicada na página do Facebook da ASI, a antecipação da eleição tem o objetivo de por fim ao conflito e o desgaste por que passa a atual diretoria, que tem mais cinco meses de gestão. O Presidente da ASI propôs a antecipação das eleições e a realização de outra reunião, para avaliação dos pleitos colocados por alguns participantes que também entendem o difícil momento por que atravessa o Surf no nosso Estado.

Questionado, o presidente da FBSurf, Carlos Abdalla disse que preferia não responder as acusações.

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