Surf entra em mais uma crise

O surf é um esporte que sempre viveu embalado pelas ondas. Desde que as competições começaram no Brasil, no início dos anos 70, o Esporte dos Reis Havaianos experimentou altos e baixos.

Colaboração de texto e foto: João Carvalho/ASP South America

No início desta semana, a ASP South America, responsável pelas competições mundiais no continente sulamericano, anunciou o cancelamento de duas etapas da “Perna brasileira” de eventos mundiais, programadas para o mês de outubro. Foram cancelados o ASP Prime de Imbituba (SC) e o ASP 6-Star do Rio de Janeiro por falta de patrocínios necessários para os eventos, realizados com tanto sucesso no ano passado na Praia da Vila e no Arpoador, respectivamente.

Da antes poderosa Perna Brasileira, restou o humilde Surf Eco Festival, que será realizado na última semana de agosto, em Salvador, tem status de uma estrela, oferecendo a premiação de 15 mil dólares que não deve atrair muitos atletas. Quase num retorno ao amadorismo, os títulos decididos no Surf Eco Festival que passa a ser o último evento internacional da temporada 2012 no Brasil valem mais que a premiação dinheiro.

Na Bahia, na Praia de Jaguaribe, serão coroados os campeões sul-americanos da ASP South America na temporada e definidos os surfistas que vão defender o continente no Circuito Mundial Pro Junior da ASP. Serão dois campeonatos realizados na mesma semana. Começa pela categoria profissional nos dias 27 a29 de agosto, com a etapa do que no ano passado foi vencida pelo baiano Bino Lopes.

E no dia 30 será iniciada a decisão do ASP South America Pro Junior Series 2012, com a disputa final pelos títulos sul-americanos Sub-20 masculino e feminino que vai até o sábado, 1º de setembro.

Com o cancelamento da “perna de fim de ano", esta será a terceira e última etapa da ASP South America no Brasil válida pelo ranking mundial unificado da ASP, que classifica dez surfistas para a elite dos top-32 do WCT. As outras foram do nível máximo de pontuação dos circuitos qualificatórios, com o Hang Loose Pro Contest abrindo o calendário do ASP World Prime no mês de fevereiro em Fernando de Noronha (PE). Já o Quiksilver Saquarema Prime, apresentado pela Coca-Cola em Saquarema (RJ), aconteceu em maio, logo após a etapa brasileira do WCT, o Billabong Rio Pro na capital do Rio de Janeiro.

Por ser realizada na reta final da temporada, a “perna brasileira” era decisiva na corrida pelas vagas para a divisão de elite do ASP World Tour. Competindo nas ondas que conhecem bem, os brasileiros tinham uma chance maior de conseguirem superar os concorrentes dos outros países, bem como contavam com todo apoio da torcida em casa. Foi com os 6.500 pontos da vitória no ASP Prime de Imbituba, que Gabriel Medina deu a arrancada para conquistar classificação para brilhar no grupo dos melhores surfistas do mundo.

“É uma perda bastante expressiva para as aspirações dos surfistas brasileiros e sul-americanos de uma maneira geral, o fato destas duas importantes etapas não serem confirmadas neste ano”, lamenta Roberto Perdigão, diretor regional da ASP South America. “Com certeza, disputando mais eventos em casa, nossos atletas têm maiores possibilidades de melhorar suas posições no ranking qualificatório do ASP World Ranking, como vinha acontecendo nos últimos anos”.

BRASIL NO TOPO - Mesmo perdendo mais dois eventos, o bom trabalho da ASP South America ao longo dos anos ainda mantém o Brasil como o principal país na história da divisão de acesso do ASP Tour, iniciada em 1992 com a criação do World Championship Tour (WCT) e World Qualifying Series (WQS). Nas 21 temporadas que estão sendo completadas em 2012, foram distribuídos no Brasil um total de 9 milhões e 280 mil dólares e 226.500 pontos em 122 etapas do WQS, Prime ou Star. Em segundo está os Estados Unidos, com 8 milhões e 345 mil dólares e 218.750 pontos em 172 etapas de menor importância que as disputadas no Brasil.

“Estamos vivendo um momento atípico, reflexo de uma crise global e ainda com a concorrência dos Jogos Olímpicos de Londres e das eleições em nosso país, o que tem contido de forma significativa os investimentos públicos e privados em vários outros eventos esportivos e não apenas no surfe”, destaca Roberto Perdigão.

A ASP South America também permanece em segundo lugar entre os sete escritórios regionais da entidade que mais ofereceram prêmios e pontos para o ranking de acesso do ASP World Tour. O número 1 é o da ASP Europe com um volume total de 14 milhões e 310 mil dólares e 328.250 pontos em 208 etapas, contra 10 milhões e 350 mil dólares e 254.875 pontos em 149 etapas da ASP South America. A ASP North America vem em terceiro com 9 milhões e 535 mil dólares e 240.500 pontos em 202 eventos.

“Seguimos trabalhando para superar esse momento e, ao que parece, pelas propostas que temos na mesa, a temporada de 2013 nos oferece um horizonte mais favorável”, revela o diretor do escritório regional da ASP na América do Sul. “Vamos aguardar a concretização destes projetos e destas propostas, mas sabemos que temos que ter sempre os pés no chão nessa hora e trabalhar dobrado para voltarmos a ter um calendário forte no próximo ano. Espero ainda, que o impressionante desempenho dos atletas brasileiros no Nike US Open, um dos eventos mais grandiosos do circuito mundial em Huntington Beach, na Califórnia, sirva como estímulo para que os nossos atuais promotores e patrocinadores sigam apoiando as etapas do ASP World Tour em nossa região.”

Ranking de acesso ASP – WQS/ASP Prime/ASP Star – 1992 a 2012:
países que ofereceram mais prêmios e pontos:
1º) BRASIL – US$ 9.280.000 e 226.500 pontos em 122 etapas
2º) ESTADOS UNIDOS – US$ 8.345.000 e 218.750 pontos em 172 etapas
3º) HAVAÍ – US$ 6.090.000 e 158.500 pontos em 105 etapas
4º) AUSTRÁLIA – US$ 5.345.000 e 135.450 pontos em 86 etapas
5º) FRANÇA – US$ 4.185.000 e 89.000 pontos em 46 etapas
6º) PORTUGAL – US$ 3.600.000 e 88.250 pontos em 61 etapas
7º) ÁFRICA DO SUL – US$ 3.425.000 e 82.500 pontos em 49 etapas
8º) JAPÃO – US$ 2.810.000 e 68.125 pontos em 75 etapas
9º) ESPANHA – US$ 2.285.000 e 51.625 pontos em 42 etapas
10º) INGLATERRA – US$ 1.640.000 e 37.500 pontos em 19 etapas
(*) - mais 26 países sediaram etapas entre 1992 e 2012

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