O
potiguar larga na frente na corrida do título com um aéreo no último minuto da
final com Kolohe Andino e vai vestir a lycra amarela na próxima etapa em Bells
Beach.
Italo Ferreira vence a primeira etapa no Gold Coast. |
Colaboração
de texto: João Carvalho/©WSL
O
potiguar Italo Ferreira ganhou tudo na abertura da temporada 2019 do World Surf
League Championship Tour na Austrália, com os seus aéreos nas ondas de Duranbah
Beach. A vitória no Quiksilver Pro Gold Coast foi no último minuto, voando numa
rotação completa no ar para virar o placar contra o californiano Kolohe Andino
para 12,57 a 12,43 pontos. Ele já tinha vencido o Red Bull Airborne no meio da
semana, agora também larga na frente na corrida pelo título mundial. E as
próximas etapas são as que o surfista de Baía Formosa conseguiu as primeiras
vitórias da carreira, em Bells Beach na Austrália e em Keramas na Indonésia.
Ferreira ficou feliz por começar o ano ganhando. |
“Começar
o ano ganhando este evento é quase inacreditável e estou muito feliz por toda
essa torcida aqui”, disse Italo Ferreira. “Eu sabia que seria muito difícil
vencer o Kolohe (Andino) e esse apoio todo da torcida na praia é irreal. Eles
são incríveis torcendo por todos nós e estou muito animado em voltar a vestir a
lycra amarela. Mas, sei que o ano é longo e não quero ficar pensando tão lá na
frente. Tenho muitos outros eventos para focar, começando por Bells na próxima
semana. Eu tenho treinado muito nos últimos três meses e consegui a vitória no
primeiro evento do ano. Vamos continuar assim”.
As
condições do mar na segunda estavam difíceis, com ondas pequenas de 2-4 pés e
poucas boas nos grandes intervalos entre as séries, então os aéreos eram a melhor
opção para ganhar notas. E foi assim, voando, que Italo Ferreira e Kolohe
Andino derrotaram seus oponentes no caminho até a final. E foi assim também na
decisão do título. O potiguar mandou o primeiro que valeu 5,50 e o californiano
respondeu com 5,43. Kolohe logo fez uma onda parecida para somar 5,93, enquanto
Italo ia errando um aéreo atrás do outro.
Italo tentou até acertar um aéreo com rotação completa. |
Foram
várias tentativas até acertar um que rendeu 5,23. Só que o americano dá o troco
com a melhor apresentação da bateria. Ele recebe 6,50 e deixa o brasileiro
precisando de 6,93 para vencer. Italo falha na primeira chance, em outra e o
tempo vai chegando ao fim sem entrar onda boa. A prioridade da próxima é do
americano, os dois ficam lado a lado e no último minuto, Kolohe Andino deixa
passar uma ondinha que Italo pega. Parecia ruim, mas ela ganha força, ele
acelera e decola no aéreo 360 com rotação completa no ar, aterrissando com
segurança para delírio do público que lotava a praia na segunda e torcia para o
brasileiro.
A
bateria termina sem a divulgação dessa nota e a praia toda fica em suspense. O
brasileiro sai do mar sem saber, mas veio o anúncio com os juízes dando nota
7,07 para a torcida fazer a festa com Italo Ferreira pela vitória emocionante,
de virada, por 12,57 a 12,43 pontos. Esta foi a terceira vez que um brasileiro
ganha a primeira etapa da temporada na Austrália. Em 2014, Gabriel Medina
iniciou a caminhada do seu primeiro título mundial vencendo. E em 2015, Filipe
Toledo garantiu um inimaginável bi consecutivo do Brasil na Gold Coast.
Kolohe vacilou no último minuto permitindo a virada. |
“Eu
estava feliz em estar na final com o Italo (Ferreira), mas fiquei um pouco
chateado porque estava a poucos minutos da primeira vitória”, disse Kolohe
Andino. “Eu deixei a onda passar porque era pequena, dava no joelho, mas ele fez
a rotação completa, então bom pra ele. Eu estava quase vencendo, mas tudo bem,
temos um longo ano e o segundo lugar é um ótimo resultado. É bom ver que os
surfistas americanos estão começando bem esse ano e isso é muito bom para o
esporte. Acho que todo mundo está cansado de ver os três melhores do circuito
ganharem todos os eventos. É bom ter algumas caras novas também”.
Italo
Ferreira foi o melhor surfista deste ano na Gold Coast, apresentando uma grande
variedade de manobras aéreas nas direitas e esquerdas de Duranbah Beach. Na
segunda-feira, as melhores ondas do dia entraram na sua bateria com Jordy Smith
nas semifinais e os dois deram um show. O potiguar acertou um full-rotation
perfeito logo na primeira onda que valeu 7,33. O sul-africano responde com um
muito alto, jogando a rabeta da prancha pro céu e ganha 8,67, a maior nota do
último dia, ou seja, a melhor manobra da segunda-feira na análise dos juízes.
A torcida vibrou muito com a virada de Italo. |
Vingando Medina – O sul-africano surfou
bem outra onda para somar um 6,00, mas o potiguar ainda acerta outro aéreo com
rotação completa, volta na base e leva nota 8,00 para vingar a derrota de
Gabriel Medina por 15,33 a 14,67 pontos. Jordy Smith tinha barrado o bicampeão
mundial numa bateria fraca de ondas pelas quartas de final e dividiu o terceiro
lugar no Pro Gold Coast com o havaiano John John Florence, eliminado por Kolohe
Andino na primeira semifinal.
Medina
competiu numa hora ruim do mar, com poucas ondas boas. Ele tentou de tudo,
arriscou os aéreos nas direitas, nas esquerdas, porém sem completar a maioria.
O máximo que conseguiu foi uma nota 5,00 e Jordy Smith ainda tirou um 7,50 na
última onda para selar a vitória por 13,17 a 9,23 pontos. Medina agora passa a
lycra amarela para Italo Ferreira e começa em quinto lugar no primeiro ranking
de 2019, com 4.745 pontos.
Após a primeira etapa, Italo lidera com 10.000 pontos. |
Vagas nas Olimpíadas – Neste ano o World Surf
League Championship Tour é especial, o primeiro da história com igualdade na
premiação dos homens e mulheres e o primeiro que vale classificação para os
Jogos Olímpicos. Os dois primeiros colocados no ranking final da temporada,
garantem suas vagas nas Olimpíadas de Tokyo 2020. No momento, as do Brasil
estão com Italo Ferreira e Gabriel Medina, as dos Estados Unidos com Kolohe
Andino e John John Florence e as da Austrália com Wade Carmichael e Owen
Wright.
Italo
lidera o ranking com 10.000 pontos, Medina começa em quinto lugar com 4.745 nas
quartas de final e três brasileiros perderam em nono lugar nas oitavas marcando
3.320 pontos, Filipe Toledo, Willian Cardoso e Yago Dora. Cinco pararam na
terceira fase e receberam 1.330 pontos pelo 17º lugar, Michael Rodrigues, Jessé
Mendes, Peterson Crisanto, Deivid Silva e Mateus Herdy. Já Caio Ibelli e Jadson
André, não venceram nenhuma bateria em Duranbah Beach e ocupam a 33ª posição no
ranking.
A adolescente americana Caroline Marks venceu a primeira. |
Vitória americana – Entre as mulheres,
quem começou na frente na disputa pelo título mundial foi a ainda adolescente
americana de 17 anos de idade, Caroline Marks. A surfista nascida na Flórida
como Kelly Slater, mora na Califórnia e tem um surfe muito forte, com batidas e
rasgadas executadas com bastante pressão e velocidade.
Ela
já tinha deixado a heptacampeã mundial Stephanie Gilmore nas quartas de final e
bateu também a tricampeã Carissa Moore na decisão do título do Pro Gold Coast.
Caroline Marks é a primeira da história do surfe feminino a receber um prêmio
de 100.000 dólares como os homens. “Estou muito emocionada agora, nem consigo
acreditar, estou sem palavras, mas é incrível fazer parte deste esporte e só
quero agradecer a todos da WSL”, disse Caroline Marks. “A Carissa (Moore)
sempre foi uma inspiração para mim, sempre fui fã dela e ainda sou. Conseguir
minha primeira vitória em uma final com ela, é uma sensação indescritível. Este
foi o melhor evento e a melhor semana da minha vida. Eu sei que tenho muito
trabalho pela frente ainda no restante do ano, mas eu quero aproveitar ao
máximo esse momento”.
Carissa Moore surfou muito, mas não conseguiu vencer. |
Esta
foi a primeira final de Caroline Marks e já conquistou a primeira vitória logo
no início da sua segunda temporada na elite das top-17 da World Surf League.
Carissa Moore vinha sendo um dos destaques no evento, completando alguns
aéreos-reverse nas baterias que poucas meninas conseguem fazer. Na segunda,
Carissa derrotou a australiana Sally Fitzgibbons, que dividiu o terceiro lugar
nas semifinais com a havaiana Malia Manuel.
RESULTADOS
DO ÚLTIMO DIA DO QUIKSILVER PRO:
Campeão:
Italo Ferreira (BRA) por 12,57 pontos (7,07+5,50) – US$ 100.000 e 10.000 pontos
Vice-campeão:
Kolohe Andino (EUA) com 12,43 pts (6,50+5,93) – US$ 55.000 e 7.800 pontos
SEMIFINAIS
– 3º lugar com 6.085 pontos e US$ 30.000:
1ª)
Kolohe Andino (EUA) 9.23 x 8.96 John John Florence (HAV)
2ª)
Italo Ferreira (BRA) 15.33 x 14.67 Jordy Smith (AFR)
QUARTAS
DE FINAL – 5º lugar com 4.745 pontos e US$ 18.000:
1ª)
John John Florence (HAV) 11.00 x 10.56 Conner Coffin (EUA)
2ª)
Kolohe Andino (EUA) 12.33 x 11.47 Seth Moniz (HAV)
3ª)
Jordy Smith (AFR) 13.17 x 9.23 Gabriel Medina (BRA)
4ª)
Italo Ferreira (BRA) 11.07 x 9.77 Wade Carmichael (AUS)
FINAL
DO BOOST MOBILE PRO – 3º lugar com 6.085 pontos e US$ 30.000:
Campeã:
Caroline Marks (EUA) por 13,83 pontos (7,33+6,50) – US$ 100.000 e 10.000 pontos
Vice-campeã:
Carissa Moore (HAV) com 11,67 pts (6,00+5,67) – US$ 55.000 e 7.800 pontos
SEMIFINAIS
– 3º lugar com 6.085 pontos e US$ 30.000:
1ª)
Caroline Marks (EUA) 12.67 x 11.50 Malia Manuel (HAV)
2ª)
Carissa Moore (HAV) 11.90 x 9.87 Sally Fitzgibbons (AUS)
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