Italo badala pela primeira vez em Bells Beach | Com vídeos

O potiguar de Baía Formosa badalou o sino do troféu da vitória sobre o ídolo Mick Fanning na final da sua despedida do Circuito Mundial e Stephanie Gilmore foi tetracampeã no feminino.

O potiguar de Baía Formosa badalou o sino do troféu da vitória.
Colaboração de texto: João Carvalho/©WSL
Colaboração de foto: Sloane/Cestari/©WSL

Surfando com muito foco e vontade de vencer, potiguar Italo Ferreira venceu a etapa mais tradicional do Circuito da WSL e cravou o seu nome entre os que vão disputar o títuo mundial nesta temporada. Até o final do ano, quem quiser o título, vai ter que surfar melhor do que o jovem talento de Baía Formosa que mostrou ser o que vai com mais apetite para as ondas entre os que tem talento suficiente para vencer o Tour Mundial.

Avitória em Bells já foi histórica para o esporte, pela despedida do tricampeão mundial Mick Fanning do World Surf League Championship Tour, um dos maiores ídolos do surf mundial em todos os tempos. A praia estava lotada na quinta, com toda a torcida e seus amigos esperando que ele encerrasse a carreira com um recorde de cinco títulos em casa. Mas, Italo vinha sendo o melhor surfista nas ondas de Bells Beach e na final comprovou isso. Apesar de faer a sua pior apresentação na final, foi o suficiente para ganhar sua primeira etapa e liderar a corrida pelo título mundial de 2018, junto com o australiano Julian Wilson.


Italo Ferreira festejou bastante a vitória em Bells.
“Eu nem consigo acreditar ainda nisso tudo. É incrível, a minha primeira vitória, o Mick Fanning é meu ídolo, nossa, estou muito feliz”, disse Italo Ferreira. “Eu tenho trabalhado duro nos últimos anos. Lembro da minha primeira final com o Filipe (Toledo) em Portugal (em 2016), estava tão perto da vitória, mas agora consegui. O ano passado foi difícil pra mim, por causa da minha lesão depois da Gold Coast, que me deixou de fora por dois meses. Foi terrível e trabalhei muito forte para me recuperar, então agora é o melhor sentimento, muita felicidade pela vitória neste lugar incrível que é Bells Beach e contra um cara iluminado na final, um herói”.

Italo agora vai competir com a lycra amarela do Jeep Leaderboard pela primeira vez na próxima etapa, o Drug Aware Margaret River Pro, que começa na quarta-feira (11), com prazo para fechar a “perna australiana” até o dia 22 de abril. Depois, os melhores surfistas do mundo vêm para o Brasil, para a segunda edição do Oi Rio Pro em Saquarema, de 11 a 22 de maio na “Cidade do Surf” da Região dos Lagos do Rio de Janeiro, que no ano passado terminou também com vitória brasileira de Adriano de Souza na Praia de Itaúna.


O potiguar Italo Ferreira festejou bastante no pódio.
Mineirinho foi o primeiro e até então único brasileiro a vencer o Rip Curl Pro Bells Beach, em 2013. Ele balançou tão forte o troféu, que o sino acabou caindo de tanto badalar. Foi também, a primeira e única vez que isso aconteceu. O potiguar Italo Ferreira festejou bastante no pódio, tocando o sino da 37ª vitória do Brasil na história da World Surf League, a primeira do surfista de Baía Formosa em sua quarta temporada no grupo de elite que disputa o título mundial.

Italo foi criado em ondas para a direita como as de Bells Beach e vinha batendo seus próprios recordes a cada bateria, com o seu backside agressivo e vertical liquidando todos os adversários que enfrentou no último dia. Ele já tinha registrado as maiores marcas do Rip Curl Pro no duelo brasileiro com Filipe Toledo na terceira fase, 16,60 pontos com notas 8,50 e 8,10. Nas quartas de final que abriram a quinta-feira, atingiu 17,86 com 8,83 e 9,03 contra o havaiano Ezekiel Lau. E na semifinal com Gabriel Medina, ganhou 9,17 na melhor onda do evento na análise dos juízes, para derrotar o campeão mundial por 16,00 a 14,10 pontos.

Italo Ferreira e Mick Fanning em um dia de troca de guarda histórico. 
“Eu só quero dizer obrigado Deus e dedicar essa vitória a minha família, minha namorada e todas as pessoas que tem me apoiado ao longo desses anos”, disse Italo Ferreira. “Eu sou uma pessoa muito feliz por ser este o meu trabalho e eu só tentei fazer o meu melhor nas ondas que surfei em cada uma das baterias. Eu sabia que tinha que continuar assim na final e o Mick (Fanning) é um dos meus surfistas favoritos, o melhor concorrente e só tenho que agradecer a ele por tudo que já fez para o nosso esporte”.

Decisão do título – Na grande final, a bateria começou lenta e a primeira série de ondas boas só entrou quando restavam 15 minutos para o término. Italo pega a da frente e manda uma batida muito forte que chega a se desequilibrar, mas continua em pé na prancha para uma sequência de mais duas manobras e outra explosiva na junção. Mick Fanning vem na de trás fazendo o seu surfe de borda com grandes manobras e a nota do australiano sai 8,10, contra 6,33 do brasileiro.

O potiguar foi o melhor durante todo o campeonato.
O potiguar escolhe bem outra onda limpa com potencial e começa com duas manobras potentes no outside para ganhar nota 7,33 e assumir a ponta. O australiano vem na onda de trás, mas não era tão boa e só consegue 4,73. Faltando 5 minutos, o tricampeão deixa passar uma para Italo, que destrói a onda do início até o fim, vibrando bastante na finalização. Os juízes dão nota 8,33 e ele abre 7,57 pontos de vantagem sobre Fanning.

Depois, não entra mais nada de onda e Italo Ferreira festeja sua primeira vitória no CT, recebendo um grande e longo abraço de Mick Fanning dentro d´agua, com o australiano aplaudindo o brasileiro numa cena emocionante, digna de um cavalheiro como sempre foi um dos maiores mitos do esporte. Depois de tudo que passou naquele incidente do tubarão em Jeffreys Bay, seguiu competindo até anunciar sua aposentadoria definitiva do Circuito Mundial com um honroso terceiro lugar no ranking e poderia ser na liderança se vencesse.

Italo Ferreira viveu um momento especial em Bells. 
“Foi um momento muito especial poder estar na final com toda essa torcida e melhores amigos aqui, mas estou feliz em ver o quanto essa vitória significou para o Italo (Ferreira), foi uma das melhores coisas que eu já vi em Bells”, disse Mick Fanning, após sua sétima final com quatro vitórias no evento do seu patrocinador. “Foi muito divertido surfar com todos que competi nesse evento, o Seabass (Sebastian Zietz), o Paddy Gudang (Patrick Gudauskas), o Wilko (Matt Wilkinson), o Owen (Wright). Foi realmente especial porque me sentia surfando com um amigo e foi incrível ver e sentir todo o apoio dos fãs. Obrigado a todos que tornaram isso tão memorável, foi uma carreira incrível e agradeço a todos”.

Os passos da vitória – Enquanto Mick Fanning se despede de quase 20 anos de carreira, com 22 etapas vencidas e três títulos mundiais conquistados, Italo Ferreira está iniciando sua trajetória. Para conquistar a primeira vitória, o potiguar teve que passar por dois desafios com surfistas que vinham se destacando no evento. O primeiro dos três passos do título na quinta foi contra o havaiano Ezekiel Lau, que tinha barrado o bicampeão mundial John John Florence.


Foi neste duelo que Italo aumentou seus recordes em duas ondas seguidas. Na primeira, já mostrou seu backside vertical e agressivo nas direitas de Bells para aumentar a maior nota de 8,50 para 8,83. A seguinte foi melhor ainda e ele começa com uma pancada invertendo a direção do bico da prancha, arma uma segunda muito forte e completa um ataque explosivo numa junção cavernosa, ganhando nota 9,03 para atingir 17,86 pontos.

As finalizações com pancadas de beck side marcaram a trajetória de Ferreira.
No duelo luso-brasileiro da bateria seguinte, Medina só pegou sua primeira onda quando restavam 13 minutos e escolheu bem, pois ela abriu uma parede limpa para detonar duas manobras muito fortes de entrada e seguir atacando com batidas e rasgadas de backside até o inside. Os juízes deram nota 8,83, mas ainda precisava de 4,34 pontos para superar a soma das notas 7,00 e 6,17 de Frederico Morais. E Medina consegue isso na onda seguinte, surfada cinco minutos depois, que valeu 6,90 para derrotar o português por 15,73 a 15,00 pontos.  

Semifinal brasileira – Na semifinal brasileira, Italo pegou a primeira onda e abriu com uma batida forte embaixo do lip, seguiu manobrando até a finalização na junção e começou com 6,33. Medina também inicia sua onda com duas manobras fortes no outside e termina com uma mais explosiva na junção para largar na frente com 6,50.  Com a prioridade de escolha da próxima onda, Italo deixa passar uma que abre uma parede em pé para Medina mandar uma série de seis manobras potentes de backside, lincadas com velocidade para receber nota 7,60.


Italo arriscou tudo com seu backside vertical .
Italo passa a precisar de 7,77 e pega a segunda onda boa dele, repetindo o ataque que vinha arrancando as maiores notas do Rip Curl Pro. Era uma direita da série, grande, e Italo arriscou tudo com seu backside vertical para aumentar de novo a maior nota do campeonato para 9,17. Agora, era o campeão mundial que precisaria de 7,91 para retomar o primeiro lugar. Medina já havia derrotado o potiguar duas vezes em Bells, na primeira e na quarta fase, então a expectativa ficou para o mar, se iria entrar mais ondas boas ou não.

O potiguar entrou numa que o Gabriel deixou e aproveitou para trocar a nota 6,33 da sua primeira onda por 6,83, aumentando a vantagem para 8,41. Medina continuava aguardando no outside quando soou o sinal dos cinco minutos finais. Tudo indicava que teria mais uma chance apenas e ele pegou uma onda há 3 minutos do fim, com Italo vindo na de trás. Medina arrisca o aéreo na finalização que poderia dar a vitória, mas não completou e, por 16,00 a 14,10 pontos, Italo passou para sua segunda decisão de título em etapas do CT.

Stephanie Gilmore e Italo Ferreira  no pódio. 
Vitórias brasileiras - O potiguar conquistou a 37ª vitória verde-amarela na história da World Surf League. Ele foi o 14º brasileiro a vencer etapas válidas pelo título mundial da temporada, desde a criação do circuito em 1976. Gabriel Medina é quem tem mais vitórias, nove, seguido pelo também campeão mundial Adriano de Souza com sete, Filipe Toledo com cinco, Fabio Gouveia com quatro, os irmãos Teco e Neco Padaratz com duas cada um e Italo Ferreira é o oitavo a entrar na lista dos brasileiros que ganharam uma vez. Nela está outro surfista do Rio Grande do Norte, o natalense Jadson André, além do primeiro a festejar um título, o saudoso Pepê Lopes, na etapa do Arpoador do primeiro Circuito Mundial em 1976. 

Tetracampeã – No Rip Curl Women´s Pro, a hexacampeã mundial Stephanie Gilmore igualou a marca de quatro vitórias de Mick Fanning em sua oitava final em Bells Beach. Uma das decisões, a australiana perdeu para Silvana Lima, que em 2009 tocou o sino do troféu de campeã. Essa final poderia até ser reeditada esse ano, mas a jovem havaiana Tatiana Weston-Webb pegou a melhor da bateria fraca de ondas e a cearense não conseguiu reeditar as boas atuações que a levaram até as semifinais. Com o terceiro lugar, Silvana subiu de nono para sétimo no Jeep Leaderboard da World Surf League.


A hexacampeã mundial Stephanie Gilmore.
Na disputa seguinte, a australiana teve muito trabalho para superar a adolescente americana Caroline Marks. A surfistinha de apenas 16 anos começou bem numa onda que valeu 8,77 e Stephanie Gilmore precisou correr atrás, só garantindo a classificação para a sua oitava final em Bells Beach na onda que surfou nos últimos minutos. E foi com chave de ouro, massacrando a direita com uma série de manobras que arrancou a maior nota do evento na categoria feminina, 9,07. Com ela, virou o placar para 17,00 a 15,44 pontos.

Na grande final, Stephanie seguiu fazendo uma boa escolha de ondas e usando o seu surfe polido, alongando as manobras de borda em grandes arcos para tirar duas notas na casa dos 7 pontos. A havaiana Tatiana Weston-Webb mostrou um backside mais agressivo e chegou muito perto da vitória duas vezes. Quando precisava de 7,77 pontos para vencer, recebeu 7,37 na melhor onda da bateria. Com ela, diminuiu a diferença para 6,80 e Gilmore deixou passar uma onda no último minuto para Tatiana arriscar tudo, porém a nota saiu 6,57 e o placar do tetracampeonato da australiana ficou em 14,17 a 13,94 pontos.


A havaiana Tatiana Weston-Webb mostrou um backside agressivo.
“Foi diferente esse evento pra mim, porque ele foi se desenvolvendo com todo o foco no Mick (Fanning), então isso tirou um pouco da pressão na gente”, disse Stephanie Gilmore. “Era como se nada mais importasse no restante do evento e acho que os momentos mais estressantes da minha bateria, foram quando o Mick estava remando para a dele. Acho que ver o quanto ele estava calmo e relaxado, aliviou a pressão em mim, pois ela estava toda sobre ele. Estou feliz que, no meio de todas essas emoções, eu consegui me concentrar em pegar boas ondas para vencer mais uma vez aqui em Bells Beach”.

Com a vitória, Stephanie Gilmore tirou a lycra amarela do Jeep Leaderboard da norte-americana Lakey Peterson, para usa-la na próxima etapa, em Margaret River. Com os 7.800 pontos do vice-campeonato, Tatiana Weston-Webb subiu da 13.a para a quinta colocação. Empatadas em terceiro lugar no Rip Curl Pro Bells Beach, Caroline Marks foi da quinta para a terceira posição no ranking e Silvana Lima saiu do nono para o sétimo lugar.

Mais informações, notícias, fotos, vídeos e todos os resultados do Rip Curl Pro Bells Beach estão na página do evento no www.worldsurfleague.com que transmitiu a segunda etapa do World Surf League Championship Tour 2018 ao vivo da Austrália pelo Facebook Live e pelo aplicativo da World Surf League.

RESULTADOS DO ÚLTIMO DIA DO RIP CURL PRO BELLS BEACH:
Campeão: Italo Ferreira (BRA) por 15,66 pontos (8,33+7,33) – US$ 100.000 e 10.000 pontos
Vice-campeão: Mick Fanning (AUS) com 12,83 pontos (8,10+4,73) – US$ 55.000 e 7.800 pontos
SEMIFINAIS – 3º lugar com 6.085 pontos e US$ 30.000 de prêmio:
1ª) Mick Fanning (AUS) 16.50 x 9.67 Patrick Gudauskas (EUA)
2ª) Italo Ferreira (BRA) 16.00 x 14.10 Gabriel Medina (BRA)
QUARTAS DE FINAL – 5º lugar com 4.745 pontos e US$ 19.000 de prêmio:
1ª) Patrick Gudauskas (EUA) 11.67 x 11.44 Michel Bourez (TAH)
2ª) Mick Fanning (AUS) 13.77 x 9.33 Owen Wright (AUS)
3ª) Italo Ferreira (BRA) 17.86 x 11.50 Ezekiel Lau (HAV)
4ª) Gabriel Medina (BRA) 15.73 x 15.00 Frederico Morais (PRT)
DECISÃO DO TÍTULO DO RIP CURL WOMEN´S PRO BELLS BEACH:
Campeã: Stephanie Gilmore (AUS) por 14,17 pontos (7,17+7,00) – US$ 60.000 e 10.000 pontos
Vice-campeã: Tatiana Weston-Webb (HAV) com 13,94 (7,37+6,57) – US$ 33.000 e 7.800 pontos
SEMIFINAIS – 3º lugar com 6.085 pontos e US$ 21.000 de prêmio:
1ª) Tatiana Weston-Webb (HAV) 13.00 x 5.10 Silvana Lima (BRA)
2ª) Stephanie Gilmore (AUS) 17.00 x 15.44 Caroline Marks (EUA)
TOP-22 DO JEEP LEADERBOARD – RANKING WSL 2018 – após a 2ª etapa:
01) Julian Wilson (AUS) – 11.665 pontos
01) Italo Ferreira (BRA) – 11.665 pontos
03) Mick Fanning (AUS) – 11.500
04) Owen Wright (AUS) – 9.490
04) Michel Bourez (TAH) – 9.490
06) Adrian Buchan (AUS) – 9.465
07) Gabriel Medina (BRA) – 7.750
07) Griffin Colapinto (EUA) – 7.750
09) Tomas Hermes (BRA) – 6.505
09) Patrick Gudauskas (EUA) – 6.505
11) Filipe Toledo (BRA) – 6.410
11) Frederico Morais (PRT) – 6.410
13) Adriano de Souza (BRA) – 5.365
13) Jeremy Flores (FRA) – 5.365
13) Conner Coffin (EUA) – 5.365
13) Wade Carmichael (AUS) – 5.365
17) Ezekiel Lau (HAV) – 5.165
17) Michael Rodrigues (BRA) – 5.165
19) Matt Wilkinson (AUS) – 4.120
19) Kanoa Igarashi (EUA) – 4.120
21) Mikey Wright (AUS) – 3.700
22) Jordy Smith (AFR) – 3.330
22) Kolohe Andino (EUA) – 3.330
22) Joel Parkinson (AUS) – 3.330
22) Willian Cardoso (BRA) – 3.330
--------outros brasileiros:
26) Jessé Mendes (BRA) – 2.085 pontos
31) Caio Ibelli (BRA) – 840
31) Ian Gouveia (BRA) – 840
31) Yago Dora (BRA) – 840
TOP-10 DO JEEP LEADERBOARD – RANKING WSL 2018 – 2 etapas:
01) Stephanie Gilmore (AUS) – 14.745 pontos
02) Lakey Peterson (EUA) – 13.085
03) Caroline Marks (EUA) – 10.830
04) Carissa Moore (HAV) – 9.490
05) Tatiana Weston-Webb (HAV) – 9.190
05) Keely Andrew (AUS) – 9.190
07) Silvana Lima (BRA) – 9.170
08) Tyler Wright (AUS) – 7.830
08) Johanne Defay (FRA) – 7.830
10) Sally Fitzgibbons (AUS) – 7.475
10) Malia Manuel (HAV) – 7.475

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